Minha avó "Dona Sinházinha" me contava uma história, várias vezes repetida e que eu nunca dei a devida importância. Mas quando me aprofundei no estudo da familia, percebi a importância de conhecer mais profundamente o lugar onde eles viviam, no seu nome original, "Araçá". Ela nasceu em outro lugar que praticamente não existe na memória das pessoas "Pau dos Ferros", e quando casou com meu avô João de Luna Freire aos 20 anos em 1914, saiu de "Pau dos Ferros" para Araçá em um carro de boi. E contava a seguinte história "quando chegou em "Araçá" o pequeno povoado era formado por apenas 17 casas". A casa em que ela morou ficava em frente a Estação Ferroviária, onde vovô João era o chefe da estação, e próximo a Capela do Menino Jesus, que foi construida pelo meu bisavô José de Luna Freire e quando se referia a tradição religiosa da familia lembrava dos padres que se deslocavam de outros lugares para rezar a missa na capela e dizia "muitos padres comeram do meu pirão."
Capítulo IV - Maracaype dos Monteiro do Rego e dos Paula e Silva/Simões
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História dos Lugares
I. Maracaype
Canafistula foi um povoado onde meu trisavô João Vicente de Luna Freire escolheu para morar vindo de Pernambuco por volta de 1830, onde era Oficial da Cavalaria, e onde construiu um engenho chamado de Maria, Jesus e José. Vamos encontrar várias informações sobre ele no livro de Antonio Freire bisneto de João Vicente "Araçá dos Luna Freire". Segundo o autor João Vicente "era um homem culto, de bom carater, tranzendo o ranço dos regimes patriarcais (tradução minha rígido de valores, e que não aceitava transgressões..) e bastante respeitado no meio em que morava". Sobre esse ultimo termo encontrei a participação dele em uma sessão da camara de vereadores da cidade de Pedras de Fogo quando apresentou uma reclamação. Era líder do Partido Liberal na região, como mostra a nota sobre o seu falecimento publicada no Jornal Gazeta da Paraíba que circulou em 11 de setembro de 1889: " Faleceu ontem em Canafistula contando com 90 anos, o respeitável ancião e velho liberal, JOÃO VICENTE DE LUNA FREIRE, pae do Sr. José de Luna Freire, Chefe da Estação de Araçá e do Sr. Trajano de Luna Freire Subdelegado de Canafistula.”.
Outras informações sobre ele tivemos da minha tia avó Francisca de Luna Freire "Xixica" que nos falava que João Vicente alforriou os seus escravos muito cedo, nas pesquisas que efetuamos encontramos apenas um registro de batismo de um escravo de João Vicente.
1. História de Maracaype
Foi a povoação original, no inicio fazendo parte do Povoado e comarca de Pilar, há uma distância de 65 km. localiza-se as margens do rio Gurinhém, fica a 3 km de Araçá.
Por volta de 1750, João Gonçalves do Nascimento chegou no local onde construiu a sua residência, era uma casa de taipa coberta de telhas. A madeira para a construção da casa foi tirada no próprio local, contam que a casa localizava-se na rua do Sombrião, hoje tem o nome de Cônego Mesquita. Logo foram construídas outras casas na rua da Mangueira, atualmente rua Manoel Dantas para os filhos casados de João Gonçalves, atraídos pela fertilidade das terras, algumas famílias ali se fixaram, entre as primeiras, podemos citar as famílias Caldas, Luna Freire, Dantas e Paiva, essa expansão iniciou o povoado de Canafístula. Em toda a região, sua casa era a única existente. Nessa época a povoação era conhecida como Canafistula de João Gonçalves, a origem do nome Canafístula por haver na área uma grande quantidade de canafístulas, arvores frondosas de folhas pequeninas e de flores rosa.
João Gonçalves fez a doação de meia légua de terras para a construção da capela de Nossa Senhora das Dores, que fazia parte do seu engenho Canafistula em 1786. Em 1871 foi aprovado a redação do projeto no. 25 do Compremino da Irmandade de Nossa Senhora das Dores da Capela de Canafistula fazenda parte da Freguesia de São Miguel do Taipú.
Em meados de 1800, alguns frades, de ordem não identificadas, realizaram trabalhos de catequese e construíram a primeira igreja que reformada mais tarde, tornou-se a Matriz.
Canafístula viveu momentos de grande movimentação mas, com o surgimento do Povoado de Mari, por onde passava importante estrada, Canafístula entrou em declínio, estacionando o rápido progresso experimentado no início.
2. O lugar
O unico relato que encontrei sobre a Canafistula de antigamente está no livro "Araçá dos Luna Freire", onde Antonio Freire descreve como era a povoação na epoca em que morava: "No meu tempo de criança (pouco depois de 1920, Relato de Antonio Freire in Araçá dos Luna Freire) o povoado constituía-se de 2 ruas. Uma bem larga formando um “U” com outra que que se situava na extremidade. Antes de encontrar-se com a outra, a rua larga terminava em uma igreja, de patamar e cruzeiro na frente. Do lado direito da igreja uma escada conduzia ao sino, que badalava sempre que morria gente, repicando quando se tratava de criança. Por baixo desse sino, ZéLuna – José de Luna Freire Sobrinho, cochilava depois do almoço, num tablado protegido nas costas. Por trás da rua onde meus pais residiam com a filharada havia existia uma estrada carroçável. Nas margens formavam-se lagoas nas épocas invernosas, sombreadas por belas canafístulas. Canfístula contava com lojas de tecido de seu Zumba, a mercearia de seu Manoel, solteirão que casou com a professora dona Loló, assim que ela chegou para assumir a função; o mercado de Tota Freire, que só abria nos dias de feira para retalhar farinha de mandioca, feijão, fava, inhame, macaxeira, batata doce, crescida nas areias do rio Gurinhem e carne de charque do Ceará".
3. Divisão Administrativa
O povoado pertencia ao município de Pilar e em 1938 passou a chamar-se Acaú. Pela lei municipal nº 2.437, de 12 de outubro de 1961 o distrito de Acaú passou a denominar-se Caldas Brandão. A emancipação veio pela lei estadual nº 3.255, de 13 de janeiro de 1965, desmembrando Caldas Brandão de Pilar, instalado em 31 de dezembro de 1966. Pela lei municipal nº 4.044, de 29 de janeiro de 1979, a sede do município de Caldas Brandão é transferida para o distrito de Cajá. Entretanto, este povoado só foi criado e anexado ao município de Caldas Brandão pela constituição estadual de 1989.
4. Personagens
1. Luiz Francisco de Paula e Silva
2. Manoel do Rego Monteiro